
Leila e a liberdade
Heloisa Sousa
A mais nova de quatro irmãos, filha de dona Geralda e seo Vicente, Liliane Rosa Ferreira, ou Leila, nasceu em Paraúna no ano de 1981. O pai, responsável pelo sustento da casa, faleceu oito anos depois, deixando dona Geralda com apenas um mandiocal, mas que foi o suficiente para ela iniciar a vida nacidade de Acreúna.
Em 1999, depois de trabalhar durante 6 anos como faxineira em uma firma de grãos, dona Geralda conseguiu, com a ajuda de amigos, construir uma casa de alvenaria para morar com os filhos. Mesmo ano em que Leila se casa e vai morar com o companheiro, José Leonardo.
Ele trabalhava na fazenda e ela ficava na cidade. Em 2002, deu a luz à sua primeira filha, Murielly. Mas, quatro anos depois, um acontecimento alterou o rumo da história. Um assalto à sua casa, em Acreúna, levou a família a se mudar para a fazenda em que José trabalhava.
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(Foto: Heloisa Sousa)
Ali, em 2009, nasceu seu segundo filho, Paulo Ricardo, e a família foi morar na sede da fazenda. Leila contribuía no orçamento lavando roupas, vendendo marmita e lanches. Depois, passou a trabalhar de carteira assinada como cozinheira. A fazenda foi vendida, os patrões mudaram, mas a vida como empregados, não.
Em 2018, foram dispensados da fazenda. Sem emprego e sem onde morar, conheceram o assentamento Padre Ilgo. No início, Leila teve medo, pois a única coisa que sabia sobre assentamentos era aquilo que os meios de comunicação convencionais diziam dos sem-terra. Mas ela herdou a coragem e a resiliência da mãe e, sem emprego e sem terra, entrar no Padre Ilgo era a melhor opção da família.
“Viemos, trouxemos nossa mudança e começamos. A gente entrou só com a mudança, não tinha uma galinha, não tinha um porco, não tinha nada”. Com a ajuda dos amigos, a família iniciou suas primeiras criações de galinha e porcos, José trabalhava em troca de gado.
“Agora, a gente já têm 16 cabeças de gado; 9 cabeças de porco; galinha no quintal, quase 100 cabeças; já temos quintal plantado, plantamos mais de 12 mudas de árvores frutíferas. Estamos na luta e foi a melhor coisa que nós fizemos na vida”. Depois de anos como empregados, Leila e sua família encontraram o prazer de não ter patrão.