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Ocupar, resistir… e plantar!

MST promove campanha para reflorestamento através da agroecologia e de sistemas de agrofloresta

Júlia Barbosa

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Sem Terra plantam mudas no Centro de Formação Santa Dica dos Sertões (Foto: Chico Pintor)

Dos dias intermináveis de queimadas na Amazônia às monstruosas manchas de óleo que contornaram o litoral brasileiro, o descaso do atual governo, aqui, em relação ao meio ambiente, é constatado a cada dia. É neste contexto que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) inicia uma campanha que bate de frente com esta política destrutiva.

O Plano Nacional de Reflorestamento, que já está em prática dentro das bases regionais do movimento pelo país, visa, principalmente, promover o desenvolvimento sustentável por meio da agroecologia e agrofloresta. Além disso, propõe-se a combater o modelo do agronegócio, que vai em contramão à qualquer lógica sustentável.

Agroflorestas vivas - A agroecologia caracteriza-se como um movimento sociopolítico e socioambiental que defende e discute lógicas sustentáveis e que promovam a biodiversidade nas produções agrícolas. Sua grande relevância nas pautas do MST deve-se ao seu papel no fortalecimento da agricultura familiar, emancipando o pequeno produtor e unindo conhecimentos científicos aos saberes populares. A partir desta união, torna-se possível colocar em prática a agrofloresta.

As mudas são plantadas em sistema de agrofloresta (Foto: Arquivo Pessoal/Mariama Reis)

Quando se promove este sistema, busca-se, também, o reencontro com as culturas e tradições diversas vezes negadas pela agricultura capitalista. Quem defende este pensamento é o militante Rafael Santos, do setor de produção do MST, durante a 3º Feira Nacional da Reforma Agrária. Neste sentido, este modelo vai em contraposição à lógica do agronegócio, que provoca uma superexploração do meio ambiente, deixando rastros de poluição e desmatamento, além da concentração fundiária, devido aos inúmeros latifúndios.

Cerrado ameaçado - O agronegócio, que mostra-se mais intensamente nas regiões do cerrado brasileiro, está deixando seus rastros destrutivos no bioma. A superexploração dos recursos da terra, provocada, principalmente, pelo plantio da soja para exportação, além do desmatamento das áreas destinadas à agropecuária, está colocando os territórios cerratenses em risco.

Para o colunista Marco Eusébio, que pesquisa sobre a desertificação dos biomas brasileiros, “a grande região do cerrado que permeia o Centro-Oeste se tornará um deserto em pouco tempo”. Neste sentido, estas ações de reflorestamento tornam-se ainda mais necessárias e urgentes. Por isso, com o plano, pretende-se o plantio de dez milhões de árvores para o reflorestamento da região.

Disputas simbólicas - O plano nomeado “Plantar árvores, produzir alimentos saudáveis” vem com o desafio de que famílias sem-terra, acampadas e assentadas, plantem, em até dez anos, 100 milhões de árvores por todo o país. Este plano se propõe não somente para a recuperação de áreas degradadas pelos mecanismos capitalistas, mas também como forma simbólica de resistência.

“O camponês, quando planta uma árvore, está demonstrando uma forma de resistência naquele território de disputa”, explica Gilvan, um dos dirigentes do MST do estado de Goiás, aos militantes concentrados no centro de formação Santa Dica dos Sertões, em Catalão-GO. Neste e em diversos centros do MST espalhados pelo Brasil, foram ministrados cursos sobre agrofloresta, apresentando, de forma pedagógica, este sistema como a alternativa para a produção sustentável e sem veneno.

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De acordo com Gilvan, plantar é sinônimo de resistência (Foto: Arquivo Pessoal/ Hélio Henrique)

Estes cursos se apresentam como uma iniciativa que estimulam a formação técnica dos pequenos agricultores. A partir daí, eles serão capazes de aplicar as técnicas adquiridas em suas próprias produções. Além disso, se coloca como um espaço de troca de experiências e saberes, no qual é possível compartilhar suas vivências com a terra.

O campo denuncia - A campanha é, também, uma forma de denunciar o desmantelamento de órgãos que visam o cuidado com o meio ambiente, realizado pelo governo e pela falta de políticas públicas. Ainda, expor os diversos crimes ambientais que assolaram o país, incentivados por estas políticas destrutivas. 

Dessa forma, as lutas dentro do movimento acontecem em várias frentes: primeiramente, pelo direito à terra; daí, pelo direito à educação e à saúde dos povos do campo; pela alimentação saudável e livre de veneno; pela cultura e lazer; finalmente, pelo direito à uma vida digna.

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