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Desafios e possibilidades do cooperativismo na agricultura familiar

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Lindembergue Rodrigues

Produtor da agricultura familiar e Dirigente da Coopercap

   Cooperativa é um grupo, uma união de pessoas que têm o mesmo objetivo. Existem
vários segmentos de cooperativa. Há cooperativa de mão de obra, cooperativa de
crédito, cooperativa de consumo e ainda, as cooperativas rurais, que são as
agroindustriais. Esse último segmento é o da agricultura familiar, que pega desde a
produção e vai até à industrialização e comercialização.

 

   As cooperativas tiveram seu reconhecimento nos anos 90. Em 1971, a lei 5764/71
disciplinou a criação das cooperativas e a Constituição, de 1988, que deu o poder de
autogestão para cooperativa. Até então, o Estado tinha uma participação na gestão das
cooperativas.

 

   As cooperativas estão espalhadas pelo mundo inteiro e o que se discute muito hoje em
torno das delas é por que algumas vão para frente e outras acabam fechando. O que a
gente observa, na minha humilde opinião, é que o espírito cooperativista não está bem
aceso no meio de todos os sócios.

 

   Acredito que a gente precisa trabalhar mais essa ideia de cooperativismo, porque isso já
existia muito antes de existirem as entidades cooperativas. Já se fazia cooperação no
campo; na cidade, esse espírito cooperativista entre trabalhadoras/es que se uniam,
entre vizinhos.

 

   Hoje não, muitos sócios ainda acham que é uma empresa e que eles têm que negociar
com essa cooperativa o melhor preço possível, não entendem que ela precisa sobreviver.
Eles não entendem que são os donos dessa própria empresa.

 

   Então, esse espírito de cooperação muitas vezes é desviado. Isso é a grande
preocupação e a gente vê isso, claramente, em todas as instituições que tentam fazer
curso de cooperativismo. Explicando para o povo o que é cooperação a gente consegue
observar isso.

 

   Outra coisa que me preocupa muito, em relação às cooperativas, é que as pessoas não
acreditam que a cooperativa tem o poder de devolver para elas aquilo que ela ganhou,
não acreditam nesse sentido de cooperativa. Não sei por que isso acontece, mas eu vejo
muito isso também.

 

   Das sete disciplinas que o cooperativismo tem, a que eu mais gosto é a que dá o direito
à democracia, que é a um sócio um voto e a participação igualitária na cooperativa.
Então, o sócio ainda não entende que essa participação igualitária.

 

   Eu vejo uma vantagem que tem da cooperativa, que é pegar esse pequeno produtor que
é praticamente insignificantes diante do mercado grande. Você pega ele pequenininho e
juntando toda a produção faz isso ser expressivo diante da comercialização.

 

   O que eu vejo, hoje, que é desafiante é que quando você trata de um trabalho de sócios
que são os donos da cooperativa. Você tem que desapegar daquele trabalho individual
que você tinha e a cultura do individualismo ainda é muito grande.

 

   Quando você começa a sair desse trabalho individual, você meio que começa a perder
um pouco da sua liberdade de fazer aquilo que vem à sua cabeça. Necessidade de voltar
para um trabalho mais sério, porque quando se trata de cooperativa, é fechamento de
contratos e isso parece que que é um problema dentro das cooperativa hoje. Mas não
vejo como rodar uma cooperativa se não for assim.

 

   Ha várias coisas que a gente precisa trabalhar, principalmente, .nas cooperativas da
Agricultura Familiar. Principal delas, ao lado de se organizar a produção, é
comercialização do que existe e vem do campo, em grande volume a título de exemplo..

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